Projeto V 365 – 21 a 27 de Julho 2019 – Lisboa

Mais do que fazer voluntariado, é preciso aprender a ser voluntária

Um projeto de voluntariado PARA QUEM QUER MUDAR a vida daqueles que estão ao seu lado.

Empenhados, mas não comprometidos – é assim que muitos caracterizam a Geração Z: os jovens nascidos entre meados da década de 90 e 2010. São conhecidos pela sua preocupação social, ecológica e humanitária. Praticamente todos já estiveram envolvidos num projeto de voluntariado, até porque, muitas vezes, este é um requisito académico das instituições em que estudam. Mas que poderia fazer de um destes jovens um empreendedor social ou alguém seriamente comprometido com uma organização ou iniciativa social que precisa de voluntários?

Para dar resposta a estas questões, surgiu o V365.

O V 365 tem como objetivo capacitar jovens universitárias para promover iniciativas de apoio social com impacto nos seus lugares de residência. 

O V 365 resultou de uma parceria entre a Fundação Maria Beatriz Lopes da Cunha, a Cooperativa de Telheiras para a Promoção da Solidariedade e Cultura, C.R.L., a Fundação Maria Antónia Barreiro, Álamos – Associação Juvenil (Lisboa), a Associação Cultural das Areias (Estoril), o Clube dos Arcos (Coimbra) e o Rampa Clube (Porto).

Outras instituições da economia social tais como: Entrajuda, Amigos Improváveis, Emergência Social, Just a Change, Clínica de Cuidados Paliativos e Continuados S. João de Deus, BET 24 e MOVE associaram-se ao projeto V 365

7 dias para dar continuidade nos 365 dias do ano: 21 a 27 de Julho 2019 . 

Durante 7 dias, as voluntárias tiveram a possibilidade de colaborar com uma organização de apoio social consoante o seu perfil e áreas de interesse. Esta experiência foi uma ocasião para refletir acerca da importância de ser voluntário/a nos 365 dias do ano e não somente em ocasiões pontuais. 

Sessões de formação, testemunhos, conhecer outras iniciativas.
  • Tardes de formação com sessões sobre antropologia, empreendedorismo social, project managementtalks com empreendedores sociais, etc;
  • Serões de testemunhos reais com um autêntico impacto social;
  • Troca de experiências entre voluntárias e especialistas. 
Em Lisboa, para jovens universitárias.

Lisboa, tal como outras áreas metropolitanas, sofre de uma grande pobreza urbana. Por este motivo existe uma maior concentração e variedade de associações parceiras que atuam ao longo do ano e com as quais as voluntárias do projeto irão colaborar nestes dias.

Plano de formação V 365    
Parte 1: Introdução ao Voluntariado
  • Conceitos-chave e tipos de voluntariado
  • Características e valores inerentes à prática do voluntariado;
  • Importância do voluntariado para a sociedade;
  • Complexidade dos diferentes contextos de intervenção;
  • Voluntariado em Portugal (enquadramento legal/jurídico).
Parte 2: Ajudar pessoas
  • Questões éticas do voluntariado;
  • Direitos e deveres do voluntário;
  • Dignidade humana e Direitos humanos.
Parte 3: Ser voluntário
  • Princípios e atitudes do voluntário / competências transversais a desenvolver;
  • Que voluntário/a sou eu? (conhecer-se);
  • Comunicação e relacionamento / gestão emocional.
Parte 4: Um Projeto de Voluntariado
  • Noções de gestão de organizações sem fins lucrativos;
  • Gestão de tempo – faculdade/voluntariado, trabalho/voluntariado;
  • Trabalho em equipa:
    • Gestão de equipas
    • Organização de voluntários
    • Gestão de conflitos
  • Como dar vida a um projeto de voluntariado?
    • Identificação de âmbitos de intervenção: onde me vejo a ajudar
    • Objetivos do meu projeto: onde quero chegar?
    • Planeamento e organização
    • Recrutamento e formação de voluntários
Experiências

1.Como é que na mesma família há três irmãos que fundam três associações de voluntariado?

Esse foi o tema da conversa que o grupo pôde ter com a Maria Almeida e Brito, fundadora da Associação Amigos Improváveis. A Maria explicou: “o Lourenço começou com o Just a Change; eu, como irmã que vinha a seguir e que vi a associação do meu irmão crescer e que as coisas estavam a resultar, desafiei umas amigas a criar os Amigos Improváveis (AI) depois de uma Missão País e a Ritinha fundou, ainda no secundário, o Tu Podes”. Desafios, oportunidades e dificuldades, a Maria descreveu em detalhe o desenvolvimento dos AI. No final, ficou clara uma ideia pela voz de outra das pessoas da direção da associação AI, Maria Chambel Leitão: “de facto, a Maria tem esta vontade toda, teve esta ideia e os irmãos têm estas ideias incríveis, mas não é isto que cria um projeto. O que faz um projeto andar para a frente é uma equipa multidisciplinar. Todas as pessoas da direção dos AI são muito diferentes umas das outras, cada uma tem diferentes competências. Não temos que ser todos aquele que traz novas ideias, mas todos podemos ser empreendedores.”

2. Também Ana Margarida Marcos e João Freire de Andrade explicaram como nas várias etapas das suas vidas sempre estiveram envolvidos em atividades de voluntariado. O João, através do Colégio São João de Brito nos Campinácios e no apoio ao estudo no Pragal e a Ana Margarida, no Colégio Mira Rio e no Clube Darca. Ficaram dois conselhos: “sacrifício e animar”. (…) Há atividades em que as pessoas se sentem melhor, uma Missão País, por exemplo. Estas atividades são como uma boa sobremesa. O voluntariado de longo prazo é como o prato principal de uma refeição, mais nutritivo e menos saboroso. Mas uma refeição tem de tudo e o mesmo acontece com o voluntariado”.

3. Teresa Tato Lima (Porto, Filosofia) explicou: “Eu nunca tinha ido ao armazém do Banco Alimentar, só tinha participado em campanhas. Impressionou-me o clima geral de generosidade e de serviço. Aqui entra-se em contacto com toda uma filosofia de vida que consiste em querer melhorar sempre um bocadinho o estado de coisas com que nos encontramos. (…) No Banco Alimentar e na Entrajuda há um sentido de dignidade humana muito profundo em toda a atividade: quer a mais material quer a mais organizativa.”

4. Lúcia Gomes (Braga, Engenharia Têxtil) descobriu o aspeto divertido de ajudar os outros. “Nunca pensei que me pudesse divertir nem aprender tanto reabilitando uma casa. O senhor Zé, encarregado da obra, era exigente connosco e ao princípio um tanto desconfiado “destas meninas”. Mas depois percebeu que queríamos mesmo trabalhar a sério e começou a puxar por nós. A dona da casa que estávamos a reabilitar vinha todos os dias ver os trabalhos e falar connosco.Foi-nos perguntando de que é que nós gostávamos e, no último dia, organizámos um lanche com coca-colas, sumos, bolos, amendoins. Utilizámos como mesa o mesmo andaime que nos serviu para a obra, o senhor Zé ensinou-nos como é que se faz nas obras. Juntámo-nos os vários voluntários, rimo-nos, foi um momento de comunhão. Terminei todos os dias coberta de pó e muito cansada, mas cheia!”

5. Maria Lopes (Braga, Economia Social) esteve a ajudar na terapia ocupacional na Clínica São João de Deus e considerou que “é comovente ver como atividades e tarefas tão normais como fazer a barba, ou cozinhar refeições simples, podem ser objeto de uma terapia de recuperação. Aprendemos a olhar de maneira diferente para tudo, com uma visão mais profunda.”

6. E a experiência da fundadora da Emergência Social, que trocou uma carreira na área do Direito pela associação que fundou com o que viria a ser o seu marido, depois de se terem conhecido em Fátima a atender deficientes profundos! Hoje, na zona de Lisboa em que estão implantados, já não permitem que aconteça o que a fez voltar sempre, desde a primeira vez em que conheceu o bairro: que uma criança desmaiasse na escola, por não ter tomado o pequeno-almoço!

Shark Tank

No último dia, as participantes da atividade apresentaram possíveis projetos sociais num “Shark Tank”. O projeto vencedor consistiu em criar um projeto gémeo do V365 na Universidade do Minho: formar universitários para a consciência cívica e para a importância de serem empreendedores ao confrontar-se com problemas sociais, a partir do quotidiano e não apenas em períodos de férias.