Eixos Estratégicos

 

Introdução

A Fundação Maria Beatriz Lopes da Cunha tem como objetivos e eixos estratégicos constituir um espaço de investigação e de formação, tendo como referencial o humanismo cristão,  e estabelecer pontos de encontro e de colaboração entre instituições, cientistas, especialistas e profissionais qualificados de setores-chave da sociedade, com vista à potenciação de projetos sobre a família, a centralidade da pessoa humana e a importância da comunicação na vida social.

Para tal, fomentar-se-á a formação especializada e de excelência nestas competências, de forma a poder prestar apoio de consultoria a entidades externas.

Em particular, dar-se-á uma atenção privilegiada à Mulher, tendo em conta as suas capacidades específicas, a necessidade social da sua intervenção e participação na vida profissional e pública.

 

Antropologia e Sustentabilidade da Família

A Fundação está consciente da necessidade e utilidade de dar uma resposta científica, rigorosa e bem fundamentada aos múltiplos temas e problemas que a família apresenta no mundo, nas culturas e na vida concreta dos povos. A família aparece como uma realidade fundamental da pessoa humana na sua condição sexuada e da sociedade, plena de interesse teórico e prático. Tão antiga como a própria humanidade, reflete na sua evolução, de forma privilegiada, todos os momentos culminantes do processo histórico de autocompreensão do ser humano, das sociedades e das culturas. Também hoje, a família é um reflexo, com as suas luzes e sombras, dos problemas específicos da sociedade contemporânea, que, por sua vez, imprimem modos diversos de conceber e viver em família.

Por outro lado, a realidade da família contem em si tal riqueza de dimensões que o seu estudo integral requer e convoca a atenção, direta ou indireta, de diversas ciências e o diálogo interdisciplinar entre os respetivos contributos, nomeadamente os métodos e conhecimentos das ciências biomédicas, os resultados da reflexão teórica e verificação empírica da Psicologia e Sociologia e a conceptualização próprias da Filosofia , Antropologia, Ecologia humana, Ética e Direito.

 

A Educação Personalizada

As atividades promovidas pela Fundação visarão o desenvolvimento e dignificação da pessoa humana, enquanto ser irrepetível, inserido numa Família e meio social e cultural, com uma série de qualidades, características e potencialidades que, no exercício da sua liberdade, procura realizar um projeto de melhoria, formação e felicidade pessoal

Nesse sentido, um processo de Educação Personalizada significa um assessoramento na formulação desse projeto de vida pessoal, do qual o próprio é protagonista, e na capacidade ou meios de o levar a cabo, nas suas dimensões humana (física, afetiva, racional), profissional, social e transcendente, sempre no respeito e potenciação do exercício da própria liberdade e em diálogo constante com a família. contribuindo ativamente para o desenvolvimento da sociedade.

 

 

A Comunicação 360º

Numa era globalizada, marcada pelas novas tecnologias e redes sociais digitais, o que apelidamos de Comunicação 360º constitui-se como essencial a um serviço amplo e diferenciado que ofereça uma transformação social, cultural e criativa, centrada em pessoas dotadas de mente, liberdade e coração. Pretende-se construir plataformas de interação de boas práticas e difundi-las num espaço cada vez mais alargado.

A Fundação intervirá ainda na identificação de líderes formais e informais dos vários setores da sociedade, na criação de elos de ligação e protocolos entre as comunidades locais, nacionais e internacionais, formando uma rede de parcerias e apoiando o desenvolvimento de projetos conjuntos. Fomentará ainda o envolvimento dos colaboradores nos valores e cultura da Fundação de forma criativa e empenhada, de modo a criar práticas inovadoras, difundir casos de sucesso e concretizar o empowerment dos beneficiários.

 

O Impacto do Serviço

poder do serviço

O espírito de serviço é o impulso interior que nos move a atuar em benefício do outro e que leva a viver a solidariedade com todas as pessoas. O serviço manifesta uma condição radical dos seres pessoais: a sua atividade não se esgota na satisfação das suas necessidades, mas abre-se ao relacionamento com outros, permite-lhes sair de si mesmos. Uma vida sem trabalho, sem serviço e sem dom aos outros é uma vida que não deixa marca e se experimenta como inútil, porque não põe nada de seu para enriquecer o mundo (ex: situações de desemprego).

O serviço, além de afirmar a dignidade de quem é servido, manifesta radicalmente a dignidade de quem serve. Servir é uma forma de dom, e só pode dar alguma coisa quem tem algo valioso que lhe “sobre”. Não sendo um bem material, algo que se possa armazenar, o serviço exige gratuidade/desprendimento, porque corre o risco da liberdade do outro. A gratuidade manifesta-se nas relações onde se dá algo, sem esperar receber nada. Não é regida pela justiça, pelo compromisso.

O serviço é um bem em si mesmo. É um bem para aquele que é servido, mas é sobretudo um bem para aquele que serve. Permanece um bem mesmo quando a pessoa que é objeto da solicitude de alguém não reconhece nem agradece essa dedicação. O maior legado que podemos deixar é a transformação, desde dentro, que podemos provocar nos outros e que simultaneamente provocamos em nós.

O serviço só existe no mundo humano e instaura entre os homens uma relação ética. Quando uma pessoa serve outra, empenha-se na promoção do seu bem e estabelece-se uma relação única entre elas. Na medida em que toda a relação social tem sempre algo a dar e a receber, servir é condição de possibilidade e quadro de realização da existência humana.

O serviço não se resume a tarefas “humildes”, domésticas, de voluntariado, de serviços de saúde: é uma disposição, um modo de encararmos as relações com outros seres humanos (ex: professor, governante, pais…)

A dignidade é uma certa excelência intrínseca e constitutiva, pela qual um ser ressalta entre outros, por razão de um valor que lhe é exclusivo ou próprio. Merece respeito (de respectare – olhar com atenção, considerar, contemplar…). A pessoa humana tem um valor absoluto que exige que seja tratada sempre como um fim em si mesma e nunca somente como um meio (ser usada). Por isso, o amor (querer algo em si mesmo) é a única atitude adequada face à dignidade da pessoa.

A disposição para servir é a resposta prática ao valor inestimável do outro; é a manifestação do reconhecimento incondicional da pessoa e da sua dignidade. Reconhecimento da mútua grandeza das pessoas, de que os outros não são um número. É necessário educar no serviço: proporcionar ocasiões; ensinar a apreciar a alegria de servir. 

De alguma maneira, nos débeis, nos dependentes, nas pessoas que não têm qualquer modo de retribuir os serviços que lhes são prestados, brilha de modo mais pleno a sua dignidade, porque só ela brilha. Não há méritos, não há utilidade, só há a dignidade inalienável que cada ser humano comporta.

Trabalhos muito necessários, mas pouco reconhecidos, com pouco prestígio – o cuidado da casa – ou tarefas menos agradáveis – cuidar de certo tipo de doentes – não têm outra justificação senão o serviço. Requerem magnanimidade. Só as pessoas magnânimas, com uma alma grande, serão capazes de se dedicar durante toda a vida ao serviço escondido e sem brilho. No entanto, são as que deixam marca para a vida (mãe, avó…). 

O serviço tem uma eficácia transcendente na sociedade. Estabiliza as relações, regenera os indivíduos e capacita-os para experimentar a sua condição pessoal. É mais próprio da condição do ser humano o dar que o receber. A lógica da recompensa rouba-nos a alegria intrínseca de fazer o bem, a beleza do momento de servir.